Dr. Alexandre Aurélio
Data: 27/05/2019
É fato que durante a gestação todo o corpo da mulher passa por mudanças, tanto físicas, quanto biológicas. Uma delas, que incomoda as gestantes tanto no sentido estético quanto em sua saúde e bem-estar, é o aparecimento de varizes. Tendo mais incidência natural nas mulheres, no período gestacional as varizes têm entre 50 a 70% de chances de aparecerem, levando em consideração todos os tipos de varizes (telangiectasias, varizes reticulares e tronculares).
Existem duas teorias principais sobre os motivos do surgimento de varizes na gravidez. A mais antiga, chamada de “Teoria Mecânica”, dava ao útero gravídico a causa do aparecimento das varizes, alegando que, devido ao seu aumento, haveria uma compressão mecânica sobre as veias da pelve, o que dificultaria o retorno venoso. Porém, evidências clínicas demonstraram que as dilatações venosas desenvolvem-se desde as primeiras semanas de gestação, quando o aumento do volume do útero ainda é insignificante.
A segunda teoria e mais aceita atualmente, dá às mudanças hormonais o crédito pelo surgimento das varizes nesta fase. Segundo estudos, o aumento da progesterona provoca redução ou perda do tono muscular das fibras musculares e o aumento do estrógeno provoca o aumento do fluxo arterial do útero e da pélvis, o que causa o ingurgitamento (aumento de volume) das veias ilíacas, dificultando a capacidade de drenagem das veias inferiores. Ambas as alterações juntas seriam importantes fatores para o surgimento das varizes. O aumento da circulação pélvica e a predisposição hereditária seriam outras causas.
Os principais sintomas das doenças venosas, que acometem 50% das gestantes e nem sempre estão relacionados as varizes, são a dor nas pernas, inchaço e eventual ardor nas extremidades. Estes variam de intensidade dependendo do peso e cansaço da gestante, sendo mais incidentes nos últimos meses da gravidez, se acentuando no período vespertino e melhorando pela manhã ou após repouso.
Manter uma dieta balanceada, buscando evitar o ganho de peso, a prática de exercícios físicos apropriados, como hidroginástica e alongamento, e o repouso com as pernas elevadas, são as medidas indicadas a serem tomadas para o alívio dos sintomas. Mas um utensílio que pode auxiliar neste período é a meia elástica, que deve ser usada em conjunto com as práticas descritas. Praticamente sem contraindicações ou efeitos secundários, o tratamento por compressoterapia com o uso da meia elástica não impedem o surgimento de varizes, mas previne o refluxo na junção safeno-femoral e uma flebite ou trombose em pacientes que desenvolvem sintomas de insuficiência venosa durante a gestação, melhora os sintomas e incômodos nos membros inferiores, como dor, inchaço e sensação de peso.
Outro ponto positivo foi apontado por um estudo que buscava avaliar o efeito das meias de compressão sobre os sintomas de náusea, vômito e tontura presentes entre 8 e 16 semanas de gravidez. A análise feita pela Sigvaris Medical Group apontou que de 50 a 80% das mulheres no início da gravidez vivenciam náuseas e vômitos, que acabam tendo um impacto prejudicial em sua qualidade de vida, principalmente na capacidade de trabalhar. São vários os produtos farmacêuticos e terapias naturais existentes para aliviar estes sintomas, mas as gestantes são, em sua grande maioria, relutantes em tomar quaisquer medicamentos durante a gravidez.
Na busca por um tratamento seguro, efetivo e aceitável, 58 mulheres foram incluídas no grupo de análise do uso das meias de compressão e, ao final do estudo, após utilizarem as meias por duas semanas, 80% relataram melhora significativa na qualidade de vida e indicariam o uso da meia durante a gravidez. O estudo, então, concluiu que usar as meias de compressão no início da gravidez, não só melhoram as limitações físicas já citadas anteriormente, como dores e inchaço como também melhoram as náuseas, vômitos e tonturas.
Apesar de não haver contraindicações, a meia elástica deve ser utilizada apenas sob orientação e prescrição médica, observando o modelo da meia e as medidas de cada paciente. O tratamento pode se iniciar com uma meia abaixo do joelho e, somente se após segundo ou terceiro trimestres de gestação, surgirem varizes nas coxas, pode optar por uma meia-calça.
Portanto, quando utilizadas de forma adequada e sob observação médica, as meias de compressão são um importante fator de qualidade de vida para as gestantes.
Fonte de pesquisa:
FIGUEIREDO, Marcondes. Uso de meia elástica na gestação. 2009.